3.11.05

Mistérios de Clarice

"Não pinto idéias, pinto o mais inatingível "para sempre". Ou "para nunca", é o mesmo. E antes de mais nada te escrevo dura escrita. Quero como poder pegar com a mão a palavra. A palavra é objeto? E aos instantes eu lhe tiro o sumo de fruta. Tenho que me destituir para alcançar cerne e semente de vida. O instante é semente viva."

* * * *
"A harmonia secreta da desarmonia: quero não o que está feito mas o que tortuosamente ainda se faz. Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio. Escrevo por acrobáticas e aéreas piruetas - escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a grande medida do silêncio."
* * * *
Clarice Lispector, em Água Viva

Nenhum comentário: