17.8.09

MUNDOS DE EUFRÁSIA I


Venho hoje redimir o fato de não ter feito nenhum post ainda sobre o lançamento do meu primeiro romance, Mundos de Eufrásia. Mas, antes de tudo, gostaria de falar um pouco dessa incrível realidade que é para mim ver e tocar o livro pronto. Quem leu alguns post anteriores desse blog, sabe do que estou falando. A jornada quase eterna da escrita, da pesquisa, da vida de fora e de dentro do livro. Mesmo depois que entreguei o romance à editora, eu continuei totalmente ligada a ele, nas reescritas, nas revisões, nas conversas, na saudade. E, um dia, fui à editora Record, para uma reunião, sabendo que Ele já tinha saído da gráfica, estava fora do forno, fumegante e a minha espera. Eu fui ao encontro Dele, num dos percursos mais estranhos de minha vida. Eu não sabia o que pensar, nem o que sentir. Já havia chorado um pouco em casa, antes de sair, de pura alegria e alívio. Era estranho, sobretudo, a sensação de que eu precisava ir até Ele, fazer uma trajetória tão externa e cotidiana (trânsito, táxi, dinheiro, hora), quando, na verdade, por seis anos, o caminho foi tão inverso. Eu não precisava ir a lugar nenhum para encontrar com Ele. Ele estava em mim e saía de mim, estávamos grudados um no outro.

Então, quando cheguei à editora e o vi, (me deparei não apenas com um exemplar, mas com uma pilha de vários exemplares), tive um sentimento que até hoje não entendo direito: um enorme vazio misturado à uma brutal sensação de realidade. Talvez aquele dia tenha sido um dos mais concretos de minha vida. Eu não conseguia parar de tocá-lo. Como se fosse necessário confirmar a sua presença, ou confirmar que essa presença agora não mais me pertencia, estava absolutamente separada da minha pessoa. Acredito que nem todo processo criativo é assim, não foi assim com o meu livro de contos. Sei lá, quanto mais um filho nos exige, mais nos damos a ele.
Vai ver é isso. Esse dia, em que o vi, senti a primeira grande ruptura. O filho já estava crescido, alimentado, saudável, devidamente vestido e arrumado para partir para a vida. E foi.

Voltei com um exemplar para a casa, começando enfim a sentir a alegria devida: de ver o livro publicado, de apreciar a capa, que ficou linda, a diagramação caprichada, e tudo o mais. E quanto mais eu me aproximava de casa, mais o livro ia deixando os bastidores da criação, com as suas circunstâncias e contextos, e se tornando um livro, desses que a gente vê nas livrarias.

Naquela noite, escrevi na minha agenda: hoje foi um dia concreto.