Tão dentro e perto
Um rastro de mundo pousa nas pontas dos dedos
Tão fugidio e certo
escrever marcando territórios internos
onde ficamos
e ao mesmo tempo
nos despedimos deles
passos fundos sob o sol
(Um impulso poético que às vezes me dói)
23.6.08
15.6.08
Tecido Penumbroso
Como posso sofrer porque as coisas pararam? Elas andaram tão estouvadas! Por que não deixá-las dormir agora um pouco? Tudo se aquietou, é noite, o mundo vive pra dentro, cegando-se ao sol do sonho. Preciso um pouco desse conteúdo inóspito, ermo como um quase-nada. Não, não é morte, é uma espécie de lacuna essencial, sem a aparência eterna do mármore, ou, por outro lado, sem as inscrições carcomidas. Pode-se respirar também na contra-vida. Depois então a gente volta para o ritmo; aí já não nos reconheceremos ao espelho explícito, tamanha a qualidade desse tecido penumbroso que provamos.
João Gilberto Noll,
inspiradíssimo em Mínimos, múltiplos, comuns.
João Gilberto Noll,
inspiradíssimo em Mínimos, múltiplos, comuns.
9.6.08
Escrever para Tchékhov
O mestre do conto moderno, um dos meus escritores preferidos, (a quem sempre recorro quando preciso de um alento ou conselho, ou quando simplesmente preciso de descanso, como estar entre bons amigos) escreveu inúmeras cartas nas quais refletia, e muito, sobre o processo criativo. Aqui vão algumas reflexões do mestre:
"Não retoques, não buriles demais, sê estouvado e audacioso. A brevidade é irmã do talento".
"Na esfera da psique também são os detalhes que contam. Deus nos livre dos lugares comuns! O melhor de tudo é evitar descrever o estado de espírito das personagens; deve-se fazer com que ele seja apreendido a partir de suas ações...".
"Quanto mais a situação é sentimental, tanto mais frieza é necessária para escrever, e o resultado será mais sentimental. Não convém açucarar".
"Quando escrevo, eu confio inteiramente no leitor, supondo que ele mesmo acrescentará os elementos subjetivos que faltam ao conto (sobre a tendência de escrever e julgar os personagens, 'escrever não é passar sermão', diz Tchékhov)".
"Não sejamos charlatões e vamos deixar claro que nesse mundo ninguém pesca nada. Somemte os imbecis e os charlatões é que sabem e compreendem tudo".
"O bom romancista deve passar ao largo de tudo o que tenha significado transitório".
"Notei também outra lei da naturezas: quanto mais alegre eu vivo, mais sombrio saem meus contos".
"Não retoques, não buriles demais, sê estouvado e audacioso. A brevidade é irmã do talento".
"Na esfera da psique também são os detalhes que contam. Deus nos livre dos lugares comuns! O melhor de tudo é evitar descrever o estado de espírito das personagens; deve-se fazer com que ele seja apreendido a partir de suas ações...".
"Quanto mais a situação é sentimental, tanto mais frieza é necessária para escrever, e o resultado será mais sentimental. Não convém açucarar".
"Quando escrevo, eu confio inteiramente no leitor, supondo que ele mesmo acrescentará os elementos subjetivos que faltam ao conto (sobre a tendência de escrever e julgar os personagens, 'escrever não é passar sermão', diz Tchékhov)".
"Não sejamos charlatões e vamos deixar claro que nesse mundo ninguém pesca nada. Somemte os imbecis e os charlatões é que sabem e compreendem tudo".
"O bom romancista deve passar ao largo de tudo o que tenha significado transitório".
"Notei também outra lei da naturezas: quanto mais alegre eu vivo, mais sombrio saem meus contos".
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