6.1.10

Novo romance


Interessante o movimento que se cria depois da publicação de um livro. Enquanto o autor, que era íntimo do livro, se afasta pouco a pouco dele, os leitores se aproximam. E são os leitores que, como quem chama uma pessoa para visitar um velho amigo, vão trazendo o livro de volta ao autor.


Agora, neste momento, de seis meses de publicação, de um ano e meio de término da escrita, só agora sinto que um espaço interno está se abrindo para outro livro. Há muito tempo que venho pensando nele, desde o último ano da escrita de Eufrásia. Venho pensando, anotando, deixando de lado, pedindo para ele esperar um pouco que ainda não estava na hora, fui esquentando as idéias no banho maria, fermentando pouco a pouco as imagens e personagens que vinham surgindo, até que, em março de 2009, sentei diante do computador para fazer algum trabalho qualquer, e, quando vi, tinha escrito quatro páginas do novo romance.


Essas quatro páginas me trouxeram o clima, a atmosfera, os personagens, a linguagem, o ritmo e o fluxo do universo da história. Fiquei muito animada e no dia seguinte tentei continuar. Não saiu nada. Mais outro dia: nada. Nessa época, estava mergulhada na revisão de Eufrásia, pensando no livro o tempo todo, no processo, na criação, com saudade dos personagens. Percebi que precisava ir dissipando aos poucos a intensa convivência com o livro e tudo que ele representou para mim para então pensar claramente no outro.

E agora, que ultrapassei as quatro páginas, vivo um momento de expectativa total. Aquele momento da criação em que você ainda não escreveu o suficiente para saber qual é "a cara" do livro, qual formato ele vai ter, e cada passo dado, cada nova página, é uma incrível descoberta.

E essa emoção da página em branco: como vou preenchê-la? Vou conseguir preenchê-la?


Bem, é uma delícia, e uma angústia também.


Mas, confesso, estava com muitas saudades de escrever. De entrar no universo de uma história. De ser absorvida por ela. De "ver" os personagens, de ser assaltada por eles nos momentos mais inesperados, fazendo café, andando na rua, na fila do banco.


Hoje fui dar uma volta na praia com o único e exclusivo objetivo de pensar na história e nos personagens. Quando vi, estava anotando coisinhas no caderno enquanto andava, gesticulando e falando alguma coisa pensando nos personagens, enfim, doida de pedra.



Mas como é bom enlouquecer um pouco.



7 comentários:

Ana Cristina Melo disse...

O momento de melhor intimidade com meus personagens também é na solidão dos meus pensamentos, em qualquer lugar que eu possa desligar o mundo e ficarmos só eu e eles.

Que notícia maravilhosa saber que tem livro novo no forno. A sensação que Eufrásia nos deixou foi tão boa, que ela ainda é nossa amiga próxima, ainda sofremos com ela. Mas vai ser ótimo conhecer novos amigos seus, e dividir com eles essa sensação de cumplicidade.

Que os anjos da criação soprem em seus ouvidos as melhores palavras.

Bjs
Ana Cristina

BORBOLETA disse...

Como diria o velho Sartre, o autor nunca pode ser leitor da sua própria obra, pois lhe falta o distanciamento necessário. Assim sendo, cabe ao leitor fazer com que o livro adquira sentido, em última instância, é ele, juntamente com o autor, que transforma o texto escrito em literatura.

Saudações literárias,

Pelas musas, estou a sentir a mesma coisa

Bibiana disse...

Oi Cláudia, tudo bem?

Li seu livro na semana passada. Literalmente devorei o livro... Fiquei deprimida quando ele acabou e chorei - tanto por Eufrásia quanto por mim que fiquei sem minha companhia...
O livro minha mãe me emprestou. Ela disse que eu não podia perder e ela tinha razão. Senti orgulho de ser mulher e trabalhar e amar tão intensamente!
Estou comprando meu exemplar para poder reler sempre que eu me sentir fraca de amor, de coragem ou força. Estou, na verdade, comprando alguns exemplares para presentear umas amigas que não podem perder essa história.
Parabéns pelo livro! Absolutamente fantástico!!!
Um abrço!
Bibiana

sindrominha disse...

Oi gostei muito do blog, conheça o meu blog também de textos. obrigado.

sindrominha disse...

Oi gostei muito do blog, conheça o meu blog também de textos. obrigado.

Lohan Lage Pignone disse...

Olá, Claudia!
Prazer em ler os textos de seu blog, parabéns!
Olha, temos o mesmo sobrenome, hein! Não seríamos parentes? Uma tia minha, Claudinéia Lage, indicou-me seu blog.

Eu administro um blog coletivo chamado Autores S/A, e por lá estamos realizando um mega concurso de poesia, de âmbito nacional. Admirado com seu talento, gostaria de convidá-la para ser jurada convidada, em uma das rodadas, do concurso. O que acha? Vou deixar meu e-mail com você, entre em contato comigo... Te passo todas as informações por lá ;)

Parabéns pelo seu belo blog.
Lohan Lage.

Lohan Lage Pignone disse...

Meu e-mail é: lohanlp@yahoo.com.br
Obrigado!