Eu não esqueço de um aluno de Letras que mal conseguia escrever um texto ("tive uma péssima formação", ele dizia) e falava com os olhos brilhando que queria fazer a faculdade de Filosofia. Na verdade, fazia Letras para poder, depois, fazer Filosofia. Quem olhava o texto dele, só via a disparidade, a impossibilidade. A filosofia é um território exigente no plano da linguagem, da leitura, da escrita, da elaboração do pensamento, de tanta coisa que ele, naquele instante, não possuía, e sabia que não possuía. Mas, se a gente olhasse um pouco mais, via também o inconformismo. Uma pessoa que não se conformava em desistir de um interesse maior porque não tinha o mínimo. O sonho pessoal contra o pesadelo real da educação brasileira.
E fazia Letras na esperança de diminuir as forças contrárias do pesadelo e aumentar as do sonho.
Ai.
Tomara.
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